A reflexista

Descrever-me em forma de poesia seria ironia, me descrever em terceira pessoa seria narcisismo, se ao menos soubesse como me descrever, se ao menos conhecesse pelo menos meus gostos. Posso dizer que sou incompleta. E por mais que me sinta completa perto do que e de quem eu amo, sei que algo me falta, sei que algo me falta saber sobre mim mesma. Sei que choro, que sorrio que grito, brigo e abraço. Alguns duvidariam se eu dissesse que sou carinhosa, e desmentiriam se eu dissesse que sou meiga. Sou meio termo, ou termo nenhum. Hora forte, hora frágil, hora mandona e outrora também. Sei do que não gosto: injustiça. Sei que perderia um pedaço se um amigo se fosse, mas sei qual realmente quero por perto. É difícil descrevermos quando somos indecisos. É difícil nos descrevermos quando nem nos mesmo nos conhecemos. Me desfaço em versos, me junto nas estrofes, se rimo é consequência, escrevo o que sinto, o que a alma chora. Desde 12 de março de 1992.